quarta-feira, 13 de julho de 2011

Acabar o papel

            Acabar o papel, em qualquer circunstancia, não é algo bom.
            Final de impressão, fim de novela, fim de caso, fim de tudo.
            As vezes sinto uma vontade imensa de escrever e não sei por onde começar ou o que começar. Parece que o papel ou ainda a caneta já acabaram, mas o que acabou foi o que dizer, o que escrever. Mas basta começar a fazer os primeiros rabiscos e...Carol!, Carol!, Carol!. Gente em casa me chamando e...bingo! Já sei...escrever sobre a minha vida, a minha realidade: a família.
            O meu único desejo nos últimos dias é escrever que a família é linda apenas em comercial de margarina e refrigerante, porque, na vida real, é preciso muita, mas muita paciência e amor. Toda hora me chamam e quando acho que resolvi um problema, vem outro e me chama e por ai vai. Pai, mãe, irmãos, sobrinhos, sobrinhas, cachorro, papagaio, periquito. Confraternizações, brigas, alegrias, tristezas, problemas, soluções: tudo contém nessa latinha chamada família.
          Às vezes dá vontade de pedir pra descer desse comboio e viver um pouco a minha vida, mas o que seria da minha vida sem minha família?
            O compositor Dudu Nobre resumiu bem o perfil de uma família ao escrever a musica A Grande Familia:
Esta família é muito unida
E também muito ouriçada
Brigam por qualquer razão
Mas acabam pedindo perdão...
Pirraça pai!
Pirraça mãe!
Pirraça filha!
Eu também sou da família
Eu também quero pirraçar...
Catuca pai!
Catuca mãe!
Catuca filha!
Eu também sou da família
Também quero catucar
Catuca pai, mãe, filha
Eu também sou da família
Também quero catucar...

Que família, heim!!




          E que família! Poderia dizer isso da minha, da sua e de toda família. Assim é a instituição que nunca há de falir! É o motivo pelo qual escrevo e pelo qual nunca deixará faltar papel em minha vida!

domingo, 10 de julho de 2011

A mulher mais que invisível

          Ser invisível é algo muito subjetivo, pois dependendo da perspectiva, a palavra ganha um novo significado.
         A iniciar nossa linha de raciocínio pela obviedade, ser invisível é algo que não pode ser visto.
Há quem considere tal propriedade negativamente quando se quer dizer que algo é ignorado ou ainda não existe. Já no universo dos quadrinhos, ser invisível é ser dotado de superpoderes que são destinados apenas a super heróis.
Na linguagem poética, Saint Exupéry atribui uma importância essencial ao invisível quando diz que “o essencial é invisível aos olhos”.
Contextualizando ao universo feminino, que mulher nunca foi invisível por passar despercebida; que nunca quis ser invisível em alguma situação constrangedora ou ainda e melhor de todas: que mulher nunca foi essencial na vida de alguém?
Embora sejamos sempre essenciais, somos sobretudo invisíveis. Quando digo invisível, não me refiro à questão presencial da matéria, mas sim da presença interna. É uma questão complexa, mas que gostaria de ao mesmo que rapidamente, tocar no assunto.
A mulher, do dia a dia, que trabalha, cuida dos filhos, da casa e de si mesma, muitas vezes adquire a propriedade que nas histórias em quadrinhos é um poder: a invisibilidade. Com as atribulações da vida moderna, fazemos tantas coisas ao mesmo tempo que aos poucos vamos perdendo viço, cor, presença. Já ouvi muitas mulheres dizerem que quando fazem seu trabalho nem são notadas, e quando não fazem, passam a ser percebidas, pelo que deixaram de fazer e obviamente pela ausência.
Dessa forma passo a entender: a mulher passa a ser essencial, quando invisível. E sabem por que? Porque tudo o que se presentifica pela ausência, só faz sentido pela falta que faz. Aí encontramos uma troca de papeis: sai a mulher, a dona de casa, a mãe, a namorada e entra a heroína, a mulher invisível, essencial e inesquecível. A mulher que antes era constante no dia a dia, agora é constante na alma, no pensamento.
Vocês podem questionar: constante na alma? No pensamento? E eu digo sim! Pois enquanto a mulher - para não dizer qualquer pessoa - está presente em corpo, no dia a dia, as pessoas não precisam ficar pensando ou sentindo a mesma. Não há necessidade, nem por que. Só se presentifica em alma e pensamento aquilo que esta fisicamente distante. Alguém aqui fica horas pensando em alguém que fica à sua frente? Suponho que não. Nos damos conta do essencial, quando o mesmo não está aos nossos olhos.
Muitas pessoas podem questionar o modo feminista de estabelecer esse pensamento, mas não é. É apenas uma observação partindo de pressupostos até mesmo filosóficos sobre ausência que verifico que a mulher só se faz essencial, quando invisível, quando ausente, quando faz falta.
É por essa, entre inúmeras outras razões, que penso que toda mulher deve em alguns momentos ausentar-se do mundo e voltar-se para si. Esses “selfs” ocasionais são necessários para refletir, cuidar-se, amar e ser amada e porque não, ser essencial?
Quantas vezes não nos deparamos com a premissa de que precisamos primeiro nos amar para sermos amadas? E quem vai discordar disso?
Amar é um verbo, verbo indica ação. Qual a sua ação para se amar? Nunca é tarde para começar.