quarta-feira, 9 de maio de 2012

Coisa linda, sempre ele, Manoel de Barros:

"Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença
delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor,
esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
-Gostar de fazer defeitos na frase e muito saudável,
o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da vida
um certo gosto por nadas. . .
E se riu.
Você não é de bugre? – ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios , não anda em
estradas -
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas
e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
agramática".

domingo, 22 de abril de 2012

Um convite à reflexão

Já bem dizia o romancista inglês Horace Walpole que "A vida é uma comédia para os que pensam e uma tragédia para os que sentem"...esse pensamento nunca foi tão, digamos, atemporal quanto qualquer outro. Se a nossa vida fosse tão simples e fácil como pensamos sobre a vida do outro, tudo seria uma grande comédia, e não um drama. Mas a realidade é que somos mestres em enxergar simplicidade na vida alheia e complicar a nossa...
Somos de uma geração que, em geral, projeta facilidades a vida alheia e dificuldades a própria vida....
O cunhado que enriqueceu, foi porque roubou ou por sorte, claro....A amiga que tem um bom emprego, é porque é bonita ou, também sorte...E você, aí lutando com a vida, sem sucesso né? Porque será? Em pleno século XXI, sorte, beleza, mau caratismo tem mais valor que esforço e dedicação? Penso eu, que isso é falta de visão ou, porque não dizer, justificativa para falta de competência, dedicação e foco. Não dizendo isso de forma agressiva à você leitor, mas de forma consciente, até porque todos nós cometemos esses lapsos ocasionalmente.
Essa era tecnólogica, cheia de ineditismos e automatismos, nos faz pensar que dedicação e esforço são dispensáveis, o que é um erro grotesco. Não devemos, para justificar nossas falhas e fracassos, reduzir nosso pensamento acreditando que sorte tem mais peso que competência e dedicação, até porque, seguindo esse raciocinio de sorte/azar, se você se considerar azarado, pode desistir de tudo e pare de viver. Palavra essa (viver) muito pouco posta em prática pela maioria de nós, que sabemos mais sobreviver do que viver. E aí esta a grande tragédia! Pensamos que vivemos,quando na realidade, sentimos que sobrevivemos nesse mundo em que você pode tudo, mas não consegue o mínimo. Mínimo não alcançado por falta de sorte, ou por puro azar. Ou ainda porque tem que ser? Coisa do destino? Agora pergunto: que mundo é esse em que se pode conquistar tudo e não se pode mudar a própria vida? Um mundo que voce conquista e multiplica impérios e reduz os próprios valores? Eu sempre digo e penso que o tudo é o nada em grandes proporções, sem comédias ou tragédias.
Faço um convite à reflexão!
Um beijo!